PROTESTOS: das ações quantitativas
para as qualitativas
Dia 20/06/2013, segundo os
telejornais, foi um dia histórico para o nosso país, pois nesse dia um grande
número de brasileiros, das mais diferentes cidades, idades, sexo e religião saírem de suas casas e manifestarem
sua indignação... mas, indignação do que mesmo? Sentada na manhã do dia
21/06/13, tomando café e assistindo ao jornal da manhã, os quais apenas
abordaram as manifestações do dia anterior, minha filha bombardeou o ambiente
com perguntas que, pelo tom de sua voz, eram apenas para serem ouvidas, na
verdade eram afirmativas mal formuladas, pensando bem, eram conceitos morais de
uma pessoa jovem que não tem argumentos suficientes para sustentar sua posição
e, sendo assim, prefere interrogar a afirmar; o maior questionamento que ela fez foi acerca do motivo dos protestos: é pela
diminuição da tarifa do transporte público, é pela causa gay, é por melhores
hospitais ou é por causa da realização da Copa do Mundo aqui em nosso país?
Afinal, pelo que o povo protesta? De todos os questionamentos, ao final saiu
uma afirmação... “as pessoas adoram imitar, só porque São Paulo fez
manifestação o resto do país também fez”.
Questionamentos e
posicionamento de uma jovem de apenas 15 anos, mas não só dela, de uma grande
maioria de brasileiros, de diferentes faixas etárias. Não podemos negar que é
um posicionamento plausível e, se levado a cabo, pode inclusive invalidar a
credibilidade dos protestos, mas, é preciso lembrar que o Brasil é um país
jovem, que o povo não desenvolveu (ainda) a cultura de ir às ruas exigir seus
direitos, como é o caso dos países que compõe a zona do euro. No entanto,
exigir direitos demanda dominar um rol de conhecimentos, protestar sem saber
pelo o que exatamente é ingênuo. Saber o
que se necessita realmente, saber definir com clareza as funções do Estado para
com seus cidadãos, saber qualificar ou desqualificar algum serviço público, não
pelo critério do individualismo, mas pelo critério da justiça parece fácil, mas não é; vou exemplificar, quando se exige
melhorias no transporte público, implicitamente está se afirmando que se o
mesmo fosse excelente (não pelo critério
da individualidade mas pelo critério da justiça) todos os cidadãos deveriam “abandonar” o meio
de transporte particular e deveriam aderir ao coletivo, mas será que isso
realmente aconteceria? Não sei! Outro exemplo, se há críticas e protestos sobre
a realização da Copa do Mundo no país, porque prefere-se construções de
hospitais a construções ou reformas de estádios de futebol, pela lógica as
pessoas não deveriam participar desse evento, mas será que aqueles que gritaram
nas ruas do nosso país por esse motivo tivessem a oportunidade de assistir a
final da Copa do Mundo no Maracanã todo reformado sendo Brasil X Espanha não iriam?
Como se pode ver, para protestar há a necessidade conhecer o objeto
de protesto e digo mais, vai além disso, necessita a tomada de uma posição que
muitas vezes não é fácil de ser decidida, mas, então, isso significa que o
ocorrido em nosso país de nada valeu? Pelo contrário! Valeu e valeu demais,
simplesmente porque estamos no primeiro estágio de aprendizado no que diz
respeito a protestar, qual seja, “a imitação por osmose”, uma quantidade enorme
de indivíduos ao mesmo tempo no mesmo local gritando, exigindo, seja pelo que
for, diminuição das tarifas do
transporte público, contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, por educação
de qualidade, etc. Mesmo que não esteja tão claro o que está errado o importante é que os brasileiros já identificaram que
existe algo errado e que é preciso cobrar o conserto. O próximo estágio do
aprendizado acerca de protestos é transformar ações quantitativas em ações
qualitativas, não se pode parar, o pontapé inicial foi dado.
Alexandra
Constancio (alexandraconstancio27@gmail.com)